quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Estudo revela novos indícios sobre ressurreição de Jesus...

Nova York, 28 fev (EFE).- Um grupo de arqueólogos e especialistas em assuntos religiosos apresentou em Nova York as conclusões de uma pesquisa que apresenta indícios da ressurreição de Jesus a partir de um túmulo localizado em Jerusalém há três décadas.


"Até agora me parecia impossível que tivessem aparecido túmulos desse tempo com provas confiáveis da ressurreição de Jesus ou com imagens do profeta Jonas, mas essas evidências são claras", afirmou nesta terça-feira à Agência Efe o professor James Tabor, diretor do departamento de estudos religiosos da Universidade da Carolina do Norte, um dos responsáveis pela pesquisa.
O túmulo em questão foi descoberto em 1981 durante as obras de construção de um prédio no bairro de Talpiot, situado a menos de quatro quilômetros da Cidade Antiga de Jerusalém. Um ano antes, neste mesmo lugar, foi encontrado um túmulo que muitos acreditam ser de Jesus e sua família.
Ao lado do professor de Arqueologia Rami Arav, da Universidade de Nebraska, e do cineasta canadense de origem judaica Simcha Jacobovici, Tabor conseguiu uma permissão da Autoridade de Antiguidades de Israel para escavar o local entre 2009 e 2010.
Em uma das ossadas encontradas, que os especialistas situam em torno do ano 60 d.C., é possível ver a imagem de um grande peixe com uma figura humana na boca, que, segundo os pesquisadores, seria uma representação que evoca a passagem bíblica do profeta Jonas.
A pesquisa, realizada com uma equipe de câmeras de alta tecnologia, também descobriu uma inscrição grega que faz referência à ressurreição de Jesus, detalhou à Agência Efe o professor Tabor, que acrescentou que essa prova pode ter sido realizada "por alguns dos primeiros seguidores de Jesus".
"Nossa equipe se aproximou do túmulo com certa incredulidade, mas os indícios que encontramos são tão evidentes que nos obrigaram a revisar todas as nossas presunções anteriores", acrescentou o especialista, que acaba de publicar um livro com todas as conclusões de sua pesquisa, "The Jesus Discovery".
O professor reconhece que suas conclusões são "controversas" e que vão causar certo repúdio entre os "fundamentalistas religiosos", enquanto outros acadêmicos seguirão duvidando das evidências arqueológicas da cristandade.
Anteriormente, essa mesma equipe de pesquisadores participou do documentário "O Túmulo Secreto de Jesus", produzido pelo cineasta James Cameron. Na obra, os arqueólogos encontraram dez caixões que asseguram pertencer a Jesus e sua família, incluindo Virgem Maria, Maria Madalena e um suposto filho de Jesus.
Segundo o documentário, as ossadas encontradas supostamente apresentavam inscrições correspondentes às identidades de Jesus e sua família, o que acaba reforçando a versão apresentada no livro "O Código da Vinci", de Dan Brown, o mesmo que indica que Jesus foi casado com Maria Madalena e que ambos teriam tido um filho juntos.

Fonte: Yahoo notícias.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Assassinos: o punhal do fundamentalismo...

No século XI, um missionário muçulmano radical fundou uma ordem secreta para impor ao Oriente Médio o ismaelismo, ramo dissidente do xiismo. A história da seita hoje inspira o enredo do jogo de videogame Assassin's creed

Membros da organização em cena do jogo Assassin's creed

No dia 4 de setembro de 1090, Hassan bin Sabbah, um missionário radical, filho de uma poderosa família iraniana da cidade de Qom, conquistou a fortaleza de Alamut, situada no coração das montanhas Elbourz, a 1.800 metros de altitude, no noroeste do Irã. Dali, ele lançaria uma cruzada para impor ao Oriente Médio sua religião: o ismaelismo, ramo dissidente do islamismo xiita que acrescentava aos seis profetas reconhecidos pelo Corão (Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus, Maomé) um sétimo, Ismael.
Bin Sabbah começou então a estabelecer em torno de Alamut uma rede de fortalezas que se estendeu da Síria até o Iraque. Revoltado com a ocupação de seu país, estava decidido a eliminar os invasores turcos e árabes. Ele não queria, porém, recrutar mercenários, mas sim homens que se entregassem de corpo e alma à sua causa. Para isso atraiu fiéis dispostos a lhe obedecer cegamente, aceitando até mesmo o sacrifício supremo da própria vida. Assim nasceu a Ordem dos Assassinos.
Hoje não sabemos exatamente como seus membros agiam, já que os textos da seita desapareceram. Restaram os testemunhos dos seus adversários e dos cronistas europeus que participaram das cruzadas. Seus inimigos contavam que, para assegurar a fidelidade de seus seguidores, Bin Sabbah levava-os, sob o efeito do haxixe, para um maravilhoso jardim perfumado onde fontes derramavam água fresca e jovens mulheres nuas faziam generosas carícias. Nesse estado, era fácil conseguir dos adeptos um juramento de obediência absoluta. Quando despertavam, os membros da ordem eram convencidos de que o paraíso que conheceram brevemente na terra era o mesmo que os aguardava após a morte. Eles eram então treinados para manejar o punhal, arma característica da seita, e submetidos à doutrinação religiosa. Ao longo do processo, passavam por nove etapas de iniciação.
Coube a Hussein Qâ'ini, o melhor agente de Bin Sabbah, a formação da organização clandestina. Os futuros Assassinos aprendiam a língua do país para o qual eram enviados, o modo de se vestir de seus habitantes, seus usos e costumes. Abû Ibrâhim Asibâdâsi, capturado durante uma missão suicida em Bagdá, descreveu o modus operandi da seita. Quando os carcereiros levavam um Assassino para ser executado, ele solicitava a presença do califa e dizia: “Você pode me matar, mas poderá matar todos aqueles que se encontram em seu castelo?”.
De fato, antes de praticar os atentados, os agentes do senhor de Alamut realizavam um longo trabalho de infiltração. Ganhavam a confiança da futura vítima e a matavam, quando ela acreditava estar segura no seio de sua fortaleza. Tal como resumia essa ameaça proferida por outro seguidor: “A vítima será atingida no coração de sua própria cidade e no centro de seu próprio palácio”. Os príncipes temiam ver um de seus favoritos se precipitar em sua direção com um punhal na mão. O primeiro dignitário vítima da lâmina de um punhal foi o vizir de Isfahan, Nizam al-Mulk Tusi.
Do Irã ao Cáucaso, da Síria ao agito, acumulavam-se os cadáveres dos príncipes muçulmanos. Todos traziam a marca da adaga de Hassan bin Sabbah. A partir de então, nenhum chefe árabe ou turco “ousou sair de sua residência sem escolta, e todos usavam uma armadura sob a roupa, temerosos de ser atingidos pelo punhal dos Assassinos”.
Foi nesse Oriente Médio ameaçado pelos Assassinos que desembarcaram os cruzados vindos da Europa para recuperar Jerusalém. Mas a ação dos cristãos não perturbou em nada a política terrorista de Bin Sabbah. Em várias ocasiões, os cruzados negociaram a neutralidade da ordem. A cada um a sua guerra santa.
Quando Bin Sabbah morreu, em 1124, era tempo da Segunda Cruzada e as tropas cristãs haviam fundado o reino latino de Jerusalém, o principado de Antioquia, os condados de Edessa e de Trípoli. Um dos filhos de Sabbah, Buzourg Umid, assumiu o comando da seita e o nome do pai. Foi o início da lenda do Velho da Montanha. Ignorando a morte de Hassan bin Sabbah pai, seus adversários pensavam que o chefe dos Assassinos era imortal.
Buzourg morreu em 1138, e seu filho Muhammad tornou-se chefe da seita. Seu “reinado” de 23 anos viu a morte de sultões, cádis, vizires, outros califas e até mesmo de um primeiro príncipe cristão, o conde Raimundo II de Trípoli, em 1150. A dinastia e a lenda do Velho da Montanha perpetuaram-se em 1161 quando Qadal al-Dîn Hassan, um dos filhos de Muhammad, assumiu a liderança da ordem. Decidido a acabar com a dinastia dos aiúbidas, Qadal al-Dîn Hassan ordenou, por três vezes, a morte de Saladino, o mais célebre representante dessa família. A primeira tentativa ocorreu em 1174; a segunda, em 1175; e a última, em 22 de maio de 1176. Nenhuma delas teve sucesso.
O reino de terror instaurado pelos Assassinos no Oriente Médio só terminou no século XIII, quando um chefe mongol chamado Halagu conquistou e arrasou a cidadela de Alamut, em 1256. Depois de mais de um século, chegava o fim a lenda do Velho da Montanha.

por Marie-Hélène Parinaud

Galileu não foi o primeiro a dizer que a Terra gira em torno do Sol...

Suas ideias mudaram tudo o que se sabia sobre o movimento dos astros, certo? Errado!


É comum atribuir ao italiano Galileu Galilei (1564-1642) a criação do heliocentrismo. Apesar de o astrônomo renascentista ter contribuído muito para a aceitação dessa teoria no meio científico, a ideia de que a Terra se move em torno do Sol já vinha se desenvolvendo desde a Antiguidade.

No século V a.C., o filósofo grego Filolau formulou pela primeira vez a hipótese de que nosso planeta não ocupava o centro do Universo. Para ele, a Terra girava em torno de um “fogo central”, cuja luz era somente refletida pelo Sol. Posteriormente, no século V d.C., astrônomos indianos elaboraram teorias sugerindo que o globo terrestre orbitava ao redor do Sol e mencionando o que chamaríamos mais tarde de “lei da gravidade”.

Estudos do tipo continuaram a ser produzidos em plena Idade Média, mas o geocentrismo de Aristóteles e Ptolomeu perdurou, graças à Igreja Católica, como forma mais aceita de entender o movimento do planeta.

Foi preciso esperar até o século XVI para que o heliocentrismo alcançasse o status de teoria científica, e devemos esse avanço não a Galileu, mas ao médico e astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543). Suas pesquisas resultaram na obra Das revoluções das esferas celestes, concluída em 1530 e publicada em 1543, na cidade de Nuremberg, pouco antes da sua morte.

O livro contradizia abertamente a Bíblia, e os opositores do heliocentrismo se multiplicaram contra a chamada “revolução copernicana”. A ideia de que a Terra girava em torno de si própria e, assim como todos os demais planetas conhecidos, em torno do Sol rendeu críticas ferrenhas vindas de nomes como Martinho Lutero (1483-1546), que chegou a chamar o cientista de “paspalho”.

A obra de Copérnico foi continuada por cientistas como o matemático alemão Johannes Kepler (1571-1630) e, principalmente, por Galileu. Suas descobertas confirmaram a coerência do heliocentrismo, do qual o italiano se tornou um defensor fervoroso, e mostraram uma série de falhas no sistema geocêntrico.

Em 1616, o heliocentrismo foi renegado oficialmente pela Igreja, e a obra-prima de Copérnico foi posta no índex (lista de livros considerados heréticos pela autoridade eclesiástica). Mesmo assim, Galileu continuou seus trabalhos e, protegido pelo papa Urbano VIII (1568-1644), publicou em 1632 o livro Diálogo sobre os dois grandes sistemas do mundo, um misto de elogio ao heliocentrismo e escárnio do geocentrismo.

A repercussão da obra foi enorme e, para seu autor, trágica: Galileu foi condenado à prisão perpétua pela Inquisição e seu texto foi proibido. Graças à influência de Urbano VIII, sua pena foi transformada em reclusão domiciliar, mas o tempo da punição não foi diminuído.

A censura às obras que defendiam o heliocentrismo só foi revogada mais de um século depois, em 1757, pelo papa Bento XIV (1675-1758). Somente então passamos a redescobrir a genialidade de Galileu, que, embora não seja criador do heliocentrismo, teve um peso inegável na construção da visão que hoje temos do Universo.

por Olivier Tosseri